ATUAL
“Amarras”
Amarras visíveis e ocultas impedem que Katya Regina Costa, 28 anos, siga pelo caminho banal aos olhos do mundo, mas feliz para uma presidiária. Ela só quer liberdade: ter emprego, casa, família. Moradora de rua desde os 16 anos, ela furtava para sobreviver. Em 2008, deixou o Presídio de Florianópolis, mas, sem ter para onde ir, voltava escondida para dormir na unidade carcerária. No mesmo ano foi reclusa no Presídio Regional de Mafra, onde sua história de “vai e volta” se repete entre os presos, como Cassiano, Antônio e Vilson. Até quando a falta de oportunidade dentro e fora das prisões fará vítimas? Se a chance de uma vida digna não existe, um homem livre também não.

fotografias James Tavares
texto Letícia KapperANTIGA
sinopse
Amarras visíveis e ocultas impedem que Katya Regina Costa, 28 anos, siga pelo caminho banal aos olhos do mundo, mas feliz para uma presídiária. Ela só quer liberdade, ou seja, ter um emprego, uma casa, uma família. Desde os oito anos morou na rua e furtou para sobreviver. Em 2006, encontrou um “lar”, o Presídio Feminino de Florianópolis, onde permaneceu cerca de dois anos.
Em meados de 2008 passou a cumprir pena em regime aberto, quando tentou fugir do mundo do crime tão atraente, costumeiro. Nos primeiros dias de cerca de dois meses de “liberdade”, fez as refeições junto com as detentas, procurou emprego e dormiu na área íntima da unidade carcerária, até ser descoberta. A jovem, sem nada a perder, denunciou à imprensa um possível abuso por parte dos policiais: eles teriam batido nela a ponto de lhe deixar com hematomas nas costas. Os meios de comunicação também lhe fizeram vítima através de reportagens sensacionalistas, sem a mínima preocupação de discutir o assunto, aproveitando-se apenas do extra-ordinário.
Em meados de 2008 passou a cumprir pena em regime aberto, quando tentou fugir do mundo do crime tão atraente, costumeiro. Nos primeiros dias de cerca de dois meses de “liberdade”, fez as refeições junto com as detentas, procurou emprego e dormiu na área íntima da unidade carcerária, até ser descoberta. A jovem, sem nada a perder, denunciou à imprensa um possível abuso por parte dos policiais: eles teriam batido nela a ponto de lhe deixar com hematomas nas costas. Os meios de comunicação também lhe fizeram vítima através de reportagens sensacionalistas, sem a mínima preocupação de discutir o assunto, aproveitando-se apenas do extra-ordinário.

A pernoite passou a ser num banheiro de um bar próximo ao Presídio Feminino. O local umido era tão pequeno que não a permitia ao menos esticar as pernas para dormir. Mesmo diante dos obstáculos, Katya não desistiu e foi pedir emprego em programas de televisão. O sucesso em frente as câmera da comovente história da moça não teve continuidade e ela acabou voltando para trás das grades. A liberdade tão sonhada virou frustração e, desde o dia 31 de julho, reside no Presídio Feminino de Mafra, oeste de Santa Catarina. Assim como Katya. pelo menos 80% dos 11 mil presos do Estado vivem o drama da reincidência.
Se a oportunidade para conquistar uma vida digna não existe, um homem livre também não.
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